segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mas o que são, afinal, competências e habilidades?

Dra. Lenise Aparecida Martins Garcia

Como muito bem coloca Perrenoud (1999), não existe uma noção clara e partilhada das competências. Mais do que definir, convém conceituar por diferentes ângulos.
Poderíamos dizer que uma competência permite mobilizar conhecimentos a fim de se enfrentar uma determinada situação. Destacamos aqui o termo mobilizar. A competência não é o uso estático de regrinhas aprendidas, mas uma capacidade de lançar mão dos mais variados recursos, de forma criativa e inovadora, no momento e do modo necessário.
A competência abarca, portanto, um conjunto de coisas. Perrenoud fala de esquemas, em um sentido muito próprio. Seguindo a concepção piagetiana, o esquema é uma estrutura invariante de uma operação ou de uma ação. Não está, entretanto, condenado a uma repetição idêntica, mas pode sofrer acomodações, dependendo da situação.

Vejamos um exemplo:

Quando uma pessoa começa a aprender a dirigir, parece-lhe quase impossível controlar tudo ao mesmo tempo: o acelerador, a direção, o câmbio e a embreagem, o carro da frente, a guia, os espelhos (meu Deus, 3 espelhos!! Mas eu não tenho que olhar para a frente??). Depois de algum tempo, tudo isso lhe sai tão naturalmente que ainda é capaz de falar com o passageiro ao lado, tomar conta do filho no banco traseiro e, infringindo as regras de trânsito, comer um sanduíche.
Adquiriu esquemas que lhe permitiram, de certo modo, "automatizar" as suas atividades. Por outro lado, as situações que se lhe apresentam no trânsito nunca são iguais. A cada momento terá que enfrentar situações novas e algumas delas podem ser extremamente complexas. Atuar adequadamente em algumas delas pode ser a diferença entre morrer ou continuar vivo.
A competência implica uma mobilização dos conhecimentos e esquemas que se possui para desenvolver respostas inéditas, criativas, eficazes para problemas novos.
Diz Perrenoud que "uma competência orquestra um conjunto de esquemas. Envolve diversos esquemas de percepção, pensamento, avaliação e ação.
Pensemos agora na nossa realidade como professores. O que torna um professor competente?
Ter conhecimentos teóricos sobre a disciplina que leciona? Sem dúvida, mas não é suficiente. Saber, diante de uma pergunta inesperada de um aluno, buscar nesses conhecimentos aqueles que possam fornecer-lhe uma resposta adequada? Também.
Conseguir na sala de aula um clima agradável, respeitoso, descontraído, amigável, de estudo sério? Bem, isso seria quase um milagre, uma vez que várias dessas características, todas desejáveis, parecem quase contraditórias. Conseguir isso em um dia no qual, por qualquer motivo, houve uma briga entre os alunos? Esse professor manifestaria uma enorme competência no relacionamento humano.
Poderíamos listar muitíssimas outras. Perrenoud, em outro livro (10 Novas Competências para Ensinar), trata de algumas delas.
O conceito de habilidade também varia de autor para autor. Em geral, as habilidades são consideradas como algo menos amplo do que as competências. Assim, a competência estaria constituída por várias habilidades. Entretanto, uma habilidade não "pertence" a determinada competência, uma vez que uma mesma habilidade pode contribuir para competências diferentes.
Uma pessoa, por exemplo, que tenha uma boa expressão verbal (considerando que isso seja uma habilidade) pode se utilizar dela para ser um bom professor, um radialista, um advogado, ou mesmo um demagogo. Em cada caso, essa habilidade estará compondo competências diferentes.














Competências e habilidades no currículo


Se o conceito de competências e habilidades não é unívoco, mais ainda varia o modo como estão sendo tratadas na prática. Os PCNs, os currículos estaduais, outros documentos (como por exemplo os do ENEM e do SAEB) dão tratamentos diferenciados.
Um dos complicadores da situação, a meu ver, é que há uma mistura entre competências, habilidades e conteúdos conceituais. De fato a competência, para ter a mobilidade que a caracteriza, não pode estar associada a nenhum conteúdo específico. Entretanto, admito que é muito difícil organizar um programa ou currículo sem fazer essa associação.

Vejamos um exemplo:

Desenvolver a capacidade de questionar processos naturais e tecnológicos, identificando regularidades, apresentando interpretações e prevendo evoluções.
Utilizar instrumentos de medição e de cálculo. Procurar e sistematizar informações relevantes para a compreensão da situação-problema. Formular hipóteses e prever resultados.
Reconhecer o sentido histórico da ciência e da tecnologia, percebendo seu papel na vida humana em diferentes épocas e na capacidade humana de transformar o meio.
Entender o impacto das tecnologias associadas às ciências naturais, na sua vida pessoal, nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
Entretanto, para desenvolver essas competências será necessário que elas sejam trabalhadas em conexão com algum(ns) conteúdo(s) conceitual(is).
Identificar a célula como unidade responsável pela formação de todos os seres vivos, não existindo vida fora dela.
Explicar os processos de transmissão das características hereditárias e compreender as manifestações físicas e socioculturais delas.
Compreender que as espécies sofrem transformações ao longo do tempo, gerando a diversidade, segundo seleções, adaptações e extinções.
Como podemos perceber, ao fazer-se a combinação competência / conteúdo conceitual perdeu-se a mobilidade. Entretanto, isso não quer dizer que não se possam desenvolver, por esse caminho, competências móveis. Por exemplo, aqui se fala das manifestações físicas e socioculturais ligadas à transmissão das características hereditárias. Se forem trabalhadas também manifestações socioculturais em outros aspectos da ciência, ao longo do currículo, a competência de detectá-las e compreendê-las em diferentes situações estará sendo construída.
Penso que ainda temos muito o que aprender quanto aos modos de expressar e principalmente de desenvolver competências e habilidades como objetivos de ensino e aprendizagem. Certamente, terá que ser uma construção coletiva.

É também Perrenoud quem diz que "construir uma competência significa aprender a identificar e a encontrar os conhecimentos pertinentes". Por isso, "se estiverem já presentes, organizados e designados pelo contexto, fica escamoteada essa parte essencial da transferência e da mobilização".
Do ponto de vista prático, isso significa que é necessário que os alunos descubram os seus próprios caminhos. Quanto mais "pronto" é o conhecimento que lhes chega, menos estarão desenvolvendo a própria capacidade de buscar esses conhecimentos, de "aprender a aprender", como tanto se preconiza hoje.
Levada ao extremo, essa concepção tornaria desnecessária - e mesmo prejudicial – a atuação do professor. Entretanto, não é essa a interpretação que damos. O professor tem que reconhecer, isso sim, que o ensino não pode mais centrar-se na transmissão de conteúdos conceituais. Ele passa a ser um facilitador do desenvolvimento, pelos alunos, de habilidades e competências.













Competências e habilidades na sala de aula

A pergunta surge espontânea: o que o professor precisa fazer, então, para assumir esse novo papel?
Eu diria que um dos aspectos básicos é saber dosar o preparo e programação das aulas com a improvisação. Talvez alguns fiquem chocados com essa colocação. Afinal, insistiu-se tanto na importância das metodologias de ensino, em aulas muito bem planejadas e pré-programadas, lançando mão dos mais diversos recursos pedagógicos... Mas o fato é que uma aula muito bem programada não dá espaço ao aluno.
É importante que um professor saiba como vai iniciar a sua aula, que recursos deverá ter disponíveis, os objetivos que pretende atingir. Entretanto, se cada passo da aula estiver previamente delineado ele tenderá a "escapar" dos questionamentos dos alunos, a inibir a sua participação (uma vez que isso sempre atrapalha o caminho previamente traçado), a seguir linhas de raciocínio que talvez sejam as suas, mas não as dos seus alunos.
Temos que evitar, entretanto, cair no pólo oposto: que as aulas aconteçam sem um objetivo concreto, como um barco que ficasse ao sabor do vento que soprar mais forte, sem um porto de destino.
Um modo de chegar ao porto de destino, fazendo a rota que seja mais conveniente em cada situação (como faz um barco; existe um traçado original, do qual, entretanto ele muitas vezes se desvia por circunstâncias do caminho), é trabalhar sobre projetos ou problemas concretos. As competências e habilidades, desenvolvidas nesse contexto, já devem ir surgindo ou se aperfeiçoando com a necessária mobilidade. Os conteúdos conceituais serão também aprofundados à medida em que se fazem úteis ou necessários.
Evidentemente, para que se trabalhe adequadamente desta forma o primeiro a necessitar de competências com grande mobilidade e capacidade da transferência de conhecimentos para atender a situações concretas é o professor.
Infelizmente, como é freqüente que um professor de biologia seja capaz de reconhecer as organelas celulares desenhadas em seu livro, mas não em uma microscopia eletrônica... Ou "dar" aos alunos toda uma tabela de classificação de insetos, inclusive com nome científico, e ser incapaz de classificar um que o seu aluno trouxe do jardim...
Há professores que temem (e evitam) as aulas de laboratório pelo receio de que os experimentos "dêem errado". Não têm consciência de que todos os experimentos dão certo, ou seja, o seu resultado reflete o que aconteceu nos diferentes passos experimentais. Um experimento que não dá o resultado previsto muitas vezes é didaticamente mais útil, uma vez que terão que ser formuladas e analisadas hipóteses que não haviam sido antecipadas. É a mobilidade da competência sendo acionada. Flemming não teria descoberto a penicilina se uma de suas placas não tivesse sido acidentalmente contaminada. Mas também não a teria descoberto se tivesse descartado essa placa "que deu errado".
Outro aspecto necessário para o desenvolvimento de competências - que são gerais, e não setorizadas - é a ruptura das barreiras que se criaram entre as diferentes disciplinas. É verdade que cada disciplina tem as suas particularidades, uma metodologia própria, uma abordagem epistemológica que lhe é característica. Entretanto, é também verdade que nenhum fenômeno complexo envolve uma única disciplina para a sua resolução.
É necessário que cada professor se sinta responsável pela formação global de seu aluno e não por um único aspecto, informativo e relacionado à sua área específica de atuação.










Dra. Lenise Aparecida Martins Garcia
Graduada em Farmácia e Bioquímica na Universidade de São Paulo, Mestre em Bioquímica pela mesma Universidade e
Doutora em Microbiologia pela Escola Paulista de Medicina (atual UNIFESP), atualmente, Dra. Lenise ministra a disciplina
Microbiologia Básica e disciplinas optativas nas áreas de Microbiologia, Educação Ambiental e Ensino de Ciências e
Biologia na Universidade de Brasília.















GARCIA, Lenise Aparecida Martins Garcia. Competências e Habilidades: você sabe lidar com isso? Educação e Ciência On-line, Brasília: Universidade de Brasília. Disponível em:
http://uvnt.universidadevirtual.br/ciencias/002.htm. Acesso em: 12 jan. 2005


Sobre a coordenação entre os componentes curriculares: a interdisciplinaridade

Aspecto importante no planejamento e, conseqüentemente, no processo pedagógico e para o qual o Professor- Coordenador deverá estar atento é o da relevância da coordenação entre as disciplinas. Assim procedendo, ou seja, estimulando os professores a realizá-la, o Professor-Coordenador impedirá que os componentes curriculares se desenvolvam estanques ao longo do processo pedagógico.
Além de dar ao aluno a noção de que o conhecimento é um todo em seu conjunto, a coordenação entre as diversas áreas de estudo ensejará maior motivação e enriquecimento do docente e do alunado, quando percebem que tais aproximações lhes facilitam, respectivamente, o ensino, o estudo e a aprendizagem.
Sob esse ponto de vista, Língua Portuguesa liga-se a todas as disciplinas e deveria permeá-las, embasando o trabalho de professores e alunos.
Uma das graves falhas do processo pedagógico é não levar em consideração a suma importância da Língua na aprendizagem das demais disciplinas. Se o fosse, implicaria que cada docente exigisse um certo rigor na expressão escrita e oral dos discentes no trato de sua matéria. Mas, na maioria das vezes, não é o que sucede quando muitos alegam "não serem professores de português para estarem preocupados com possíveis falhas dos alunos quanto à norma culta na redação de provas e na de trabalhos exigidos!".
Estamos seguros de que a coordenação de todas as disciplinas com Língua Portuguesa ensejaria a solução de inúmeros problemas de compreensão dos vários conteúdos dos componentes curriculares.
Por que muitos alunos apresentam dificuldades em Geografia, História, Ciências? Em muitos casos, a resposta é óbvia: os alunos não sabem ler o texto e, portanto, não o compreendem; às vezes, sequer entendem a linguagem do professor quando esse expõe o conteúdo de sua matéria. Diante dessa constatação, por que não explorar muitos dos textos daquelas disciplinas em Língua Portuguesa, ocasião em que o Professor de Português poderia vir em auxílio dos colegas desenvolvendo habilidades na análise de textos dos outros componentes curriculares?
Muitas das deficiências observadas no estudo de matemática, nas 5ªs e 6ªs séries, procedem muito mais do não-entendimento do texto que propriamente da compreensão dos conceitos matemáticos - extremamente simples nessas séries -, que seriam facilmente assimilados, se o aluno soubesse decodificar a exposição do professor ou a do manual (ausência de habilidades).
Uma eficiente coordenação entre Língua Portuguesa com as demais matérias do currículo, com certeza, sanaria numerosas falhas de aprendizagem que, de certo modo, resultam de um trabalho estanque das disciplinas, o qual não faz mais que as aprofundar (as falhas) sem que o professor se dê conta do fenômeno, que tanto o angustia, quando constata tantas retenções em determinadas classes.
Geografia e História, por exemplo, são disciplinas que, por fundarem- se no domínio do Espaço/Tempo, mantêm profunda afinidade. Em quantos casos, o meio geográfico explica determinados fatos históricos? (O solo e o clima do nordeste canavieiro e o surgimento da Sociedade Açucareira no período colonial; o solo e o clima em regiões de São Paulo e Vale do Paraíba na eclosão do Ciclo do Café; o solo aurífero de Minas, Mato Grosso e Goiás, condicionando o Ciclo do Ouro, entre outros exemplos).
Em quantos casos, os fatos históricos explicam as modificações do meio geográfico? (O garimpo em regiões do norte brasileiro destruindo a flora e a fauna de florestas, assim como tribos indígenas; poluição de rios; vazamentos de hidrelétricas termonucleares afetando profundamente o meio-ambiente de numerosos países...)
Essas duas disciplinas podem, em inúmeras ocasiões, aproximar-se de matemática, quando utilizam escalas na confecção de mapas, quando utilizam dados estatísticos, gráficos e tabelas em atividades de Geografia.
Importantes serão também as coordenações entre História, Geografia e Ciências Físicas e Biológicas com Educação Artística, atividades essas extremamente úteis na concretização de conceitos históricos, geográficos e os da área de Ciências. Assim, em determinados momentos, poder-se-ia deixar a cargo de Educação Artística o preparo de linhas do tempo histórico, a confecção de mapas, ilustrações de conteúdos históricos, geográficos e científicos por meio de histórias em quadrinhos com tais conteúdos, apelando-se à criatividade dos alunos.
Observe, com esses poucos exemplos, quantas possibilidades se abrem num trabalho coordenado entre as diversas áreas de estudo. Os exemplos poderiam multiplicar-se na medida em que o Professor- Coordenador viesse a lançar propostas nesse sentido, nas quais os conteúdos se desenvolvessem coordenados entre si.
Operacionalizando a coordenação entre as disciplinas
A coordenação entre as disciplinas não deve ser realizada aleatoriamente e de improviso. Ela demanda reflexão e discussão com os professores. Fundamentalmente, deve partir do conhecimento que todos os docentes deverão ter dos conteúdos básicos das outras disciplinas para saberem o que poderia ser coordenado. Mesmo porque a coordenação entre disciplinas é algo que deve ocorrer naturalmente.
Penso que a coordenação deva acontecer durante o planejamento, ou seja, depois de os professores de cada componente curricular terem, pelo menos, planejado em conjunto e delineados os conteúdos que vão ministrar, ao longo do ano, para a consecução de seus objetivos. Uma vez definidos esses conteúdos, os professores se reuniriam para expor, sucintamente, o que planejaram, ocasião em que, todos poderiam, uma vez percebidos os pontos de contato entre os conteúdos das disciplinas, sugerir as pertinentes coordenações, propondo-as ao grupo.
Torna-se relevante, nesta primeira etapa do trabalho de coordenação, o embasamento de Língua Portuguesa em todos os componentes curriculares, nos moldes do exposto no início desta matéria.
Estabelecidos os pontos de contato entre as disciplinas, definir-se-iam, preliminarmente, os conteúdos a serem objeto de coordenação, os quais seriam integrados ao planejamento dos professores de todas as séries. O aprofundamento dessas coordenações, por sua vez, dar-se-ia nas reuniões de área ao longo do ano letivo.
Acreditamos que, em assim procedendo, docentes e professor-coordenador, o processo pedagógico ganharia maior dinamismo e criatividade, de muitos modos, contribuindo para um ensino que reputamos de qualidade.

Disponível em
<> Acesso em 23/11/07 18h25m













Ciências Humanas e suas Tecnologias - competências e habilidades segundo os PCN´s
História, Geografia, Sociologia, Antropologia e Política, Filosofia e Tecnologias associadas
"O trabalho e a produção, a organização e o convívio sociais, a construção do 'eu' e do 'outro' são temas clássicos das Ciências Humanas e da Filosofia. Constituem objetos de conhecimentos de caráter histórico, geográfico, econômico, político, jurídico, sociológico, antropológico, psicológico e, sobretudo, filosófico."
(PCN, volume único, p. 286)
Os conhecimentos humanistas, aqui adquiridos, devem levar o aluno a ter consciência crítica e ser capaz de dar respostas adequadas aos problemas que sejam apresentados. Nesse caso, a inclusão de Filosofia nesta área de conhecimento contribui positivamente para o processo, uma vez que as leituras, as reflexões e os debates realizados na sala de aula constituem um exercício da prática democrática e também auxiliam o aluno na busca de sua autonomia.
A área de Ciências Humanas deve proporcionar uma formação básica que possibilite ao aluno construir-se como um ser pensante, autônomo, capaz de colocar-se como cidadão que vive numa sociedade que, por sua vez, integra-se a outras sociedades e culturas, constituindo o mundo contemporâneo, globalizado.
A aprendizagem nesta área deve desenvolver competências e habilidades que permitam ao aluno, entre outras coisas:
compreender que a sociedade tem história e que se transforma, continuamente, ao longo dos anos;
compreender que a ocupação de espaços físicos modifica o ambiente e as relações da vida humana aí existentes;
construir-se como pessoa que participa, avalia o que está acontecendo na sociedade e intervém como agente social;
reconhecer e aceitar que existem diferenças entre os indivíduos de uma sociedade, e que, portanto, o respeito é a base de tudo; por outro lado, qualquer forma de preconceito, discriminação e exclusão deve ser rejeitada.
É importante ter claro que uma educação humanista, como a que se pretende no Ensino Médio, não pode deixar de lado o papel das tecnologias nos processos históricos e sociais. Mas deve-se ter em mente que elas devem estar sempre voltadas para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Os PCN Ensino Médio deixam claro que os conhecimentos das Ciências Humanas referentes a Antropologia, Política, Direito, Economia e Psicologia são fundamentais para o Ensino Médio. Entretanto, isso não quer dizer que a escola tenha que denominá-los como disciplinas, tampouco estabelecer carga horária.
O que os PCN Ensino Médio destacam é a importância que esses conteúdos têm para a formação básica do cidadão. Sugerem que eles "apareçam em atividades, projetos, programas de estudo ou no corpo de disciplinas já existentes. Tanto a História quanto a Sociologia, por exemplo, englobam conhecimentos de Antropologia, Política, Direito e Economia. O mesmo acontece com a Geografia em relação à Economia e ainda com a Filosofia, que pode conter elementos de Psicologia, Política e Direito. E não se deve esquecer também que a contextualização na Matemática poderá envolver conhecimentos de Economia, como o cálculo de juros aplicados a transações financeiras".
(PCN Ensino Médio, vol. único, pp. 277, 279)
Para conhecer as competências atribuíveis à área, bem como aquelas referentes a cada disciplina particular, leia PCN Ensino Médio Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Competências e habilidades da área
Representação e comunicação
Entender a importância das tecnologias contemporâneas de comunicação e informação para planejamento, gestão, organização e fortalecimento do trabalho em equipe.
Investigação e compreensão
Compreender os elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais que constituem a identidade própria e a dos outros.
Compreender a sociedade, sua gênese e transformação, e os múltiplos fatores que nela intervêm, como produtos da ação humana; a si mesmo como agente social; e os processos sociais como orientadores da dinâmica dos diferentes grupos de indivíduos.
Entender os princípios das tecnologias associadas ao conhecimento do indivíduo, da sociedade e da cultura, entre as quais as de planejamento, organização, gestão, trabalho de equipe, e associá-las aos problemas que se propõem resolver.
Contextualização sociocultural
Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de espaços físicos e as relações da vida humana com a paisagem, em seus desdobramentos políticos, culturais, econômicos e humanos.
Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as às práticas dos diferentes grupos e atores sociais, aos princípios que regulam a convivência em sociedade, aos direitos e deveres da cidadania, à justiça e à distribuição dos benefícios econômicos.
Traduzir os conhecimentos sobre a pessoa, a sociedade, a economia, as práticas sociais e culturais em condutas de indagação, análise, problematização e protagonismo diante de situações novas, problemas ou questões da vida pessoal, social, política, econômica e cultural.
Entender o impacto das tecnologias associadas às Ciências Humanas sobre sua vida pessoal, os processos de produção, o desenvolvimento do conhecimento e a vida social.
Aplicar as tecnologias das Ciências Humanas e Sociais na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.


COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM OBJETIVADAS EM GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Espera-se que, ao longo dos oito anos do ensino fundamental, os alunos construam um conjunto de conhecimentos referentes a conceitos, procedimentos e atitudes relacionados à Geografia, que lhes permitam ser capazes de:
· conhecer a organização do espaço geográfico e o funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção e na produção do território, da paisagem e do lugar;
· identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas conseqüências em diferentes espaços e tempos de modo construir referenciais que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas questões socioambientais locais;
· compreender a espacialidade e temporalidade dos fenômenos geográficos estudados em suas dinâmicas e interações;
· compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos políticos, os avanços técnicos e tecnológicos e as transformações socioculturais são conquistas decorrentes de conflitos e acordos, que ainda não são usufruídas por todos os seres humanos e, dentro de suas possibilidades, empenhar-se em democratizá-las;
· conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa da Geografia para compreender o espaço, a paisagem, o território e o lugar, seus processos de construção, identificando suas relações, problemas e contradições;
· fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes de informação, de modo a interpretar, analisar e relacionar informações sobre o espaço geográfico e as diferentes paisagens;
· saber utilizar a linguagem cartográfica para obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos geográficos;
· valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a sociodiversidade, reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos e um elemento de fortalecimento da democracia.

Objetivos para o primeiro ciclo (1ª e 2ª série)

Espera-se que ao final do primeiro ciclo os alunos sejam capazes de:
· reconhecer, na paisagem local e no lugar em que se encontram inseridos, as diferentes manifestações da natureza e a apropriação e transformação dela pela ação de sua coletividade, de seu grupo social;
· conhecer e comparar a presença da natureza, expressa na paisagem local, com as manifestações da natureza presentes em outras paisagens;
· reconhecer semelhanças e diferenças nos modos que diferentes grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam, identificando suas determinações nas relações de trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de se expressar e no lazer;
· conhecer e começar a utilizar fontes de informação escritas e imagéticas utilizando, para tanto, alguns procedimentos básicos;
· saber utilizar a observação e a descrição na leitura direta ou indireta da paisagem, sobretudo através de ilustrações e da linguagem oral;
· reconhecer, no seu cotidiano, os referenciais espaciais de localização, orientação e distância de modo a deslocar-se com autonomia e representar os lugares onde vivem e se relacionam;
· reconhecer a importância de uma atitude responsável de cuidado com o meio em que vivem, evitando o desperdício e percebendo os cuidados que se deve ter na preservação e na manutenção da natureza.

Objetivos para o segundo ciclo (3ª e 4ª série)

Espera-se que ao final do segundo ciclo os alunos sejam capazes de:
· reconhecer e comparar o papel da sociedade e da natureza na construção de diferentes paisagens urbanas e rurais brasileiras;
· reconhecer semelhanças e diferenças entre os modos de vida das cidades e do campo, relativas ao trabalho, às construções e moradias, aos hábitos cotidianos, às expressões de lazer e de cultura;
· reconhecer, no lugar no qual se encontram inseridos, as relações existentes entre o mundo urbano e o mundo rural, bem como as relações que sua coletividade estabelece com coletividades de outros lugares e regiões, focando tanto o presente e como o passado;
· conhecer e compreender algumas das conseqüências das transformações da natureza causadas pelas ações humanas, presentes na paisagem local e em paisagens urbanas e rurais;
· reconhecer o papel das tecnologias, da informação, da comunicação e dos transportes na configuração de paisagens urbanas e rurais e na estruturação da vida em sociedade;
· saber utilizar os procedimentos básicos de observação, descrição, registro, comparação, análise e síntese na coleta e tratamento da informação, seja através de fontes escritas ou imagéticas;
· utilizar a linguagem cartográfica para representar e interpretar informações em linguagem cartográfica, observando a necessidade de indicações de direção, distância, orientação e proporção para garantir a legibilidade da informação;
· valorizar o uso refletido da técnica e da tecnologia em prol da preservação e conservação do meio ambiente e da manutenção da qualidade de vida;
· adotar uma atitude responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando, quando possível, o direito de todos a uma vida plena num ambiente preservado e saudável;
· conhecer e valorizar os modos de vida de diferentes grupos sociais, como se relacionam e constituem o espaço e a paisagem no qual se encontram inseridos.

Objetivos para o terceiro ciclo (5ª e 6ª série)

Espera-se que ao final do terceiro ciclo os alunos sejam capazes de:

reconhecer que a sociedade e a natureza possuem princípios e leis próprios e que o espaço geográfico resulta das interações entre elas, historicamente definidas;
compreender a escala de importância no tempo e no espaço do local e do global e da multiplicidade de vivências com os lugares;
reconhecer a importância da cartografia como uma forma de linguagem para trabalhar em diferentes escalas espaciais as representações locais e globais do espaço geográfico;
distinguir as grandes unidades de paisagens em seus diferentes graus de humanização da natureza, inclusive a dinâmica de suas fronteiras, sejam elas naturais ou históricas, a exemplo das grandes paisagens naturais, as sociopolíticas como dos Estados nacionais e cidade-campo;
compreender que os conhecimentos geográficos que adquiriram ao longo da escolaridade são parte da construção da sua cidadania, pois os homens constroem, se apropriam e interagem com o espaço geográfico nem sempre de forma igual;
perceber na paisagem local e no lugar em que vivem, as diferentes manifestações da natureza, sua apropriação e transformação pela ação da coletividade, de seu grupo social;
reconhecer e comparar a presença da natureza, expressa na paisagem local, com as manifestações da natureza presentes em outras paisagens;
reconhecer semelhanças e diferenças nos modos que diferentes grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam, identificando suas determinações nas relações de trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de se expressar e no lazer;
conhecer e utilizar fontes de informação escritas e imagéticas, utilizando, para tanto, alguns procedimentos básicos;
criar uma linguagem comunicativa, apropriando-se de elementos da linguagem gráfica utilizada nas representações cartográficas;
saber utilizar a observação e a descrição na leitura direta ou indireta da paisagem, sobretudo mediante ilustrações e linguagem oral;
reconhecer, no seu cotidiano, os referenciais espaciais de localização, orientação e distância, de modo que se desloque com autonomia e represente os lugares onde vivem e se relacionam;
reconhecer a importância de uma atitude responsável de cuidado com o meio em que vivem, evitando o desperdício e percebendo os cuidados que se devem ter na preservação e na conservação da natureza.

Objetivos para o quarto ciclo (7ª e 8ª série)

Espera-se que no quarto ciclo aqueles objetivos mais gerais propostos para a área de Geografia sejam atingidos. Considerando aspectos sociocognitivos dos jovens, além desses objetivos mais gerais, outros são específicos deste ciclo da escolaridade.
Espera-se, portanto, que os alunos construam um conjunto de conhecimentos, referentes a conceitos, procedimentos e atitudes relacionados à Geografia, que lhes permitam ser capazes de:
. compreender as múltiplas interações entre sociedade e natureza nos conceitos de território, lugar e região, explicitando que, de sua interação, resulta a identidade das paisagens e lugares;
identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas conseqüências em diferentes espaços e tempos, de modo que construa referenciais que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas questões sociais, culturais e ambientais;
compreender a espacialidade e a temporalidade dos fenômenos geográficos, estudados em suas dinâmicas e interações;
compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos políticos, os avanços técnicos e tecnológicos e as transformações socioculturais são conquistas decorrentes de conflitos e acordos que ainda não são usufruídas por todos os seres humanos e, dentro de suas possibilidades, empenhar-se em democratizá-las;
utilizar corretamente procedimentos de pesquisa da Geografia para compreender o espaço, a paisagem, o território e o lugar, seus processos de construção, identificando suas relações, problemas e contradições;
fazer leituras de imagens, de dados e de documentos de diferentes fontes de informação, de modo que interprete, analise e relacione informações sobre o território e os lugares e as diferentes paisagens;
utilizar a linguagem gráfica para obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos geográficos;
valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a sociodiversidade, reconhecendo-os como direitos dos povos e indivíduos e elementos de fortalecimento da democracia;
perceber que a sociedade e a natureza possuem princípios e leis próprias e que o espaço resulta das interações entre elas, historicamente definidas;
relativizar a escala de importância, no tempo e no espaço, do local e do global e da multiplicidade de vivências com os lugares;
conseguir distinguir as grandes unidades de paisagens em seus diferentes graus de humanização da natureza, inclusive a dinâmica de suas fronteiras, sejam elas naturais ou históricas, a exemplo das grandes paisagens naturais e das sociopolíticas, como dos Estados nacionais e cidade-campo;
explicar que a natureza do espaço, como território e lugar, é dotada de uma historicidade em que o trabalho social tem uma grande importância para a compreensão da dinâmica de suas interações e transformações;
desenvolver no aluno o espírito de pesquisa, fundamentado na idéia de que, para compreender a natureza do território, paisagens e lugares, é importante valer-se do recurso das imagens e de vários documentos que possam oferecer informações, ajudando-os a fazer sua leitura para desvendar essa natureza;
fortalecer o significado da cartografia como uma forma de linguagem que dá identidade à Geografia, mostrando que ela se apresenta como uma forma de leitura e de registro da espacialidade dos fatos, do seu cotidiano e do mundo;
criar condições para que o aluno possa começar, a partir de sua localidade e do cotidiano do lugar, a construir sua idéia do mundo, valorizando inclusive o imaginário que tem dele.



COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM OBJETIVADAS EM GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO
· Distinguir as várias representações sociais da realidade vivida.
· Realizar a leitura das construções humanas como um documento importante que as sociedades em diferentes momentos imprimiram sobre uma base natural.
· Compreender a formação dos novos blocos e das novas relações de poder e o enfraquecimento do estado-nação.
· Compreender as transformações no conceito de região que ocorrem por meio da história e geografia.
· Compreender a redefinição do conceito de lugar em função da ampliação da geografia para além da economia.
· Compreender o significado do conceito de paisagem como síntese de múltiplas determinações: da natureza, das relações sociais, da cultura, da economia e da política.
· Conhecer o espaço geográfico por meio das várias escalas, transitando da escala local para a mundial e vice-versa.
· Ser capaz de buscar o trabalho interdisciplinar e a formação de um coletivo, para aprofundar a compreensão de uma realidade.
· Compreender a natureza e a sociedade como conceitos fundantes na conceituação do espaço geográfico.
· Compreender as transformações que ocorrem nas relações de trabalho em função da incorporação das novas tecnologias.
· Compreender as relações entre a preservação ou degradação da natureza em função do desconhecimento de sua dinâmica e a integração de seus elementos biofísicos.

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